Bruxelas, Brasil e Espanha são três dos mercados com os quais a ATREVIA Portugal estabelece relações, partilhando projectos e informação. Mas os planos da equipa lusa, liderada por Daniela Agra vão mais longe querendo posicionar-se como uma ponte entre a Europa e a América Latina, região onde a ATREVIA tem vindo a acompanhar com grande interesse o crescimento em mercados como México, Colômbia, Peru e Chile.
Em conversa com a Marketeer, Daniela Agra, presidente da ATREVIA Portugal, sublinha que Em Portugal tem vindo a crescer de forma consistente e coesa, entre os escritórios de Lisboa e Porto, «continuando a ter uma contribuição relevante para o grupo, sustentada por um crescimento orgânico consistente, pelo crescimento das contas já existentes, pela conquista de novos clientes estratégicos a par de diversificação do portfólio de serviços».
A ATREVIA encerrou 2024 com uma facturação global de 47,6 milhões de euros, um crescimento de 8,7% face ao ano anterior. Como é que a operação portuguesa contribuiu para este resultado e que factores impulsionaram o desempenho local?
Portugal tem vindo a afirmar-se como um polo de crescimento sustentado dentro do ecossistema ATREVIA. Em 2024, a operação portuguesa teve um desempenho muito sólido, continuando a ter uma contribuição relevante para o grupo, sustentada por um crescimento orgânico consistente, pelo crescimento das contas já existentes, pela conquista de novos clientes estratégicos – tanto marcas nacionais como internacionais – a par de diversificação do portfólio de serviços, que é sempre um dos nossos focos.
A ATREVIA Portugal tem vindo a investir no talento, nos seus recursos humanos. Por um lado, temos procurado potenciar o crescimento dos colaboradores que se encontram já na “casa” e por outro lado temos feito novas contratações com muita experiência acumulada e de mercado. O reforço de uma equipa multidisciplinar e a capacidade de oferecer soluções integradas e alinhadas com as novas exigências e desafios do mercado permitiram-nos incrementar a nossa presença em sectores-chave como saúde, tecnologia, grande consumo, mobilidade, entre outros. Foi um ano de consolidação, mas também de aceleração e impulso para o futuro.
É um crescimento que não acontece por acaso. É reflexo de uma escuta contínua, de equipas que se reinventam com agilidade e de uma visão que antecipa tendências e cruza saberes. A nossa força está na capacidade de construir relações, entregar valor com consistência e integrar diferentes disciplinas num mesmo propósito. Reforço ainda a questão da proximidade e flexibilidade que temos com os nossos clientes e parceiros, estes são itens inegociáveis para a ATREVIA.
Temos investido e reforçado novas parcerias, muito alinhadas com o nosso propósito e valores, como é o caso da Netmentora, com apoio ao mentoring, apoio a instituições e causas sociais. Integramos ainda o corpo fundador da PAPT – Associação Public Affairs Portugal, pois acreditamos que temos de ter uma voz activa na representação dos interesses legítimos e na regulamentação do lobbying no País.
Também fazemos parte da Junta Diretiva da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Espanhola, o que é para nós um orgulho enorme, dado que reitera e nutre a nossa ligação bilateral entre ambos os países.
Sabe-se que o objectivo global da ATREVIA é atingir os 100 milhões de euros em facturação até 2028. Que metas específicas estão definidas para Portugal neste plano estratégico?
A equipa global da ATREVIA é hoje composta por 640 profissionais de 30 nacionalidades e tem escritórios próprios em 15 países, tendo sido recentemente fortificada com a aquisição de sete novas empresas em Espanha e na América Latina. Contamos crescer ainda mais nos próximos anos, tendo aumentado para 20 milhões de euros o nosso orçamento destinado a aquisições.
Portugal está totalmente alinhado com esse plano de crescimento e terá um papel activo na concretização da ambição global. A nossa meta é continuar a escalar com consistência, aumentando o peso da operação nacional no grupo, através da expansão de serviços, reforço de equipas e novas parcerias estratégicas.
A visão é clara: sermos cada vez mais um centro de excelência e de competências dentro da ATREVIA, com impacto local e projecção internacional.
Portugal será sempre uma parte essencial da equação ibérica, mas também queremos afirmar-nos como uma ponte natural entre Europa e América Latina, num movimento que é tão cultural quanto estratégico.
Há novos serviços, áreas de actuação ou projectos que a ATREVIA Portugal planeie lançar em 2025? Pode partilhar connosco alguma novidade que esteja prestes a ser anunciada?
O futuro é híbrido e é isso que estamos a preparar. Estamos a lançar a área de consultoria estratégica em comunicação de liderança, com foco em posicionamento executivo e presença pública, um serviço cada vez mais necessário num contexto onde os líderes são também marcas e vozes de influência.
Paralelamente, temos um hub criativo e de conteúdo multiplataforma, com competências em produção audiovisual, motion graphics, campanhas criativas, branded content, narrativa digital e gestão de comunidades, entre outros. Queremos estar na linha da frente daquilo que é a nova comunicação: mais humana, mais visual e mais orientada para a relevância e propósito.
Não se trata de estar na vanguarda tecnológica por “moda”, mas de usar a inovação como instrumento para comunicar com verdade.
Em conversas anteriores foi mencionado que a ATREVIA prevê investir até 5 milhões de euros na aquisição de empresas em Portugal. Que tipo de empresas estão a ser consideradas e qual o papel destas aquisições na estratégia de crescimento local?
Crescer por aquisição é um caminho, mas nunca um fim em si mesmo. Em Portugal, continuamos a analisar com muita atenção empresas que complementem a nossa actividade e tragam novas competências ao grupo. Acima de tudo, procuramos estruturas com talento diferenciado e uma cultura que ressoe com os valores da ATREVIA, seja a colaboração, inconformismo, compromisso social ou a visão de futuro.
A integração, para nós, é sempre relacional: não queremos somar empresas, queremos construir pertença. Temos um envelope dedicado a este processo, mas a prioridade será sempre a afinidade cultural, a visão partilhada e a autenticidade de quem chega.
Como está a evoluir a colaboração entre as equipas de Portugal e Espanha? Há planos para reforçar projectos ibéricos ou criar centros de competência partilhados?
Num contexto em que os desafios dos nossos clientes são cada vez mais complexos, transversais, é uma vantagem e um luxo contar com uma consultora forte que integre as diversas disciplinas da comunicação e que tenha uma visão tão integrada sobre a mesma.
Com Espanha, já não falamos de colaboração, falamos de cocriação. Partilhamos clientes, processos, inquietações e conquistas. Trabalhamos como uma única equipa, com várias geografias, unidas por uma linguagem comum, que pode dizer-se também que é a da confiança e da excelência.
Temos desenvolvido projectos conjuntos com grandes clientes multinacionais, organizamos eventos colaborativos e partilhamos recursos criativos integrados no ecossistema “A” de ATREVIA. Esta lógica de cooperação transversal é, sem dúvida, uma das grandes forças da ATREVIA.
Esta integração real permite-nos oferecer soluções robustas, criativas e coerentes em ambos os lados da fronteira. E, talvez mais importante, obriga-nos a pensar em conjunto, a crescer lado a lado e a não nos acomodarmos em lógicas locais ou confortáveis.
O objectivo é consolidarmos a nossa posição como consultora internacional inovadora de referência em Comunicação, Assuntos Públicos, Posicionamento Estratégico e Marketing.
E que outras colaborações ao nível geográfico pode destacar para este ano?
A relação com Bruxelas continua a ser essencial e prevemos que continue a crescer de mais em mais, por toda a intelligence política que facultamos no âmbito da área de Public Affairs (PA). Ainda neste mesmo território, trabalhamos também como uma unidade única de PA, o que favorece a entrega aos nossos clientes.
A integração da XCOM no Brasil trouxe uma nova dinâmica à nossa actuação no mercado lusófono. Já estamos a trabalhar com clientes partilhados e temos planos concretos para escalar essa sinergia. O Brasil é um mercado sofisticado e de grande potencial, e esta aquisição reforça a nossa ambição nessa geografia.
Mantemos uma relação próxima com Espanha, naturalmente, e estamos também a acompanhar com grande interesse o crescimento em mercados LATAM como México, Colômbia, Peru, Chile, onde o grupo tem vindo a apostar fortemente no talento interno, dando oportunidade a profissionais que já estão connosco para assumirem novos desafios regionais.
Participamos em projectos globais, partilhamos metodologias e aprendemos com o outro lado do Atlântico. Esta diversidade geográfica alimenta-nos. Dá-nos contexto, profundidade e humanidade!
A inovação digital tem sido uma prioridade para o grupo. Como é que a ATREVIA Portugal está a incorporar novas tecnologias e abordagens digitais nos seus serviços de comunicação e assuntos corporativos?
Na ATREVIA, a tecnologia só tem valor quando está ao serviço das pessoas. A nossa jornada digital tem sido feita, acima de tudo, com consciência.
Trabalhamos com uma ferramenta própria de inteligência artificial, desenvolvida pelo grupo, que nos permite automatizar processos, analisar tendências e desenhar estratégias mais inteligentes. Complementamos isso com formações regulares, para preparar as nossas equipas para um contexto em constante evolução.
Para nós, a tecnologia é uma aliada, mas é o olhar humano que continua a fazer a diferença na comunicação. Criámos uma cultura que experimenta, que testa, que questiona. Não nos interessa apenas parecer inovadores, interessa-nos ser relevantes. A tecnologia aproxima-nos quando é usada com propósito, com ética e com empatia.
Com uma equipa de mais de 40 profissionais em Portugal, como é que a ATREVIA está a atrair e reter talento num sector tão competitivo? Há iniciativas específicas para promover a diversidade e o desenvolvimento de carreira?
As equipas são – sempre foram – o nosso activo mais estratégico. Em Portugal, temos vindo a crescer de forma consistente e coesa, entre os escritórios de Lisboa e Porto, com pessoas que trazem saberes distintos, backgrounds diversos, visões complementares.
Adoptámos o modelo híbrido há muito tempo, e valorizamos muito a conciliação entre vida pessoal, profissional e familiar, por sermos certificados como empresa EFR. Valorizamos ainda a curiosidade, a escuta activa, a vontade de contribuir. Apostamos na formação contínua, mas também em lideranças horizontais, mobilidade interna e bem-estar.
Ser uma empresa certificada B Corp é um compromisso muito sério. Queremos ser um lugar onde se trabalha com sentido, onde o talento floresce, onde é possível errar, aprender e voltar a tentar.
Temos programas de estágio, de formação, planos de desenvolvimento personalizados e incentivamos a mobilidade interna entre países. Promovemos a flexibilidade, disponibilizamos horário reduzido no verão e iniciativas de Team Building que fomentem inclusive as relações intergeracionais, entre outros.
O nosso propósito comum, ajudar organizações a comunicarem com mais impacto e sentido, é também o que nos liga enquanto equipa.
Acredito que comunicar, no fim do dia, é um pleno acto de humanidade.