A integração de práticas ESG (Environmental, Social and Governance) transformou-se num elemento central na estratégia das empresas, especialmente naquelas que se inserem em indústrias de elevado impacto ambiental e social. Setores como a energia, transportes e construção enfrentam desafios significativos e oportunidades únicas nesta área. Atualmente, o valor de uma empresa é medido não só pela qualidade dos seus produtos ou serviços, mas também pelo seu impacto no mundo – importa salientar que não implicam necessariamente um impacto negativo, porque desempenham um papel crucial no desenvolvimento económico e social das comunidades onde operam.
A capacidade de alinhar lucro com propósito, sem comprometer a ética, tornou-se essencial. Consumidores, investidores e reguladores exigem transparência, coerência e ação concreta. Nos setores de maior impacto, a comunicação ESG deve ser específica e baseada em ações reais. O ‘greenwashing’, ou seja, a prática de promover uma imagem enganosa de responsabilidade ambiental, prejudica a credibilidade das empresas que o praticam e gera desconfiança em todo o mundo corporativo.
É aqui que a comunicação ganha um papel decisivo. Pela experiência que vou acumulando, acredito que deve ser clara, contínua e alinhada com a identidade da empresa. Torna-se essencial comunicar de uma maneira que demonstre compromisso e como a sustentabilidade está integrada na forma como o negócio opera no dia a dia.
Dados recentes de um estudo da Escolha do Consumidor indicam que 92% dos consumidores estão dispostos a mudar para marcas mais sustentáveis. No entanto, essa disposição é acompanhada de uma expectativa de autenticidade e resultados comprovados. A confiança é construída com evidências e resultados tangíveis.
Para além dos consumidores, também os meios de comunicação social, os líderes de opinião (KOL) e os próprios colaboradores valorizam uma comunicação coerente, que fale de resultados mas também de intenções e aprendizagens.
Para comunicar de forma eficaz, é fundamental demonstrar uma evolução efetiva, com transparência e compromisso. O público valoriza a coerência e espera que as empresas reconheçam os desafios, assumam responsabilidades e apresentem avanços concretos. É esta a abordagem que constrói credibilidade no longo-prazo e fortalece as relações com consumidores e ‘stakeholders’.
Por isso, as empresas devem privilegiar canais e formatos que permitam comunicar com clareza, como relatórios, entrevistas, bastidores de projetos e testemunhos reais, que tornam a comunicação bastante mais humana e envolvente. Explicar, contextualizar e deixarem-se abrir ao diálogo.
A credibilidade nasce da honestidade. O papel de um profissional de comunicação nesta matéria passa, essencialmente, por transformar temas técnicos em histórias com emoção. Uma estratégia de comunicação eficaz passa, deste modo, por um ‘storytelling’ de impacto. Mostrar como as ações estão a melhorar vidas, a criar valor ou a gerar inovação.
Ignorar a comunicação ESG é um erro estratégico. Comunicar sem compromisso é ainda mais prejudicial. Num mundo onde a sustentabilidade define o futuro dos negócios, a comunicação ESG deve estar integrada na
essência da empresa, refletindo-se em cada decisão, projeto e interação com a sociedade.
Mesmo em setores tradicionalmente mais expostos, a comunicação ESG é uma ferramenta para educar, posicionar e diferenciar. As organizações que compreendem esta dinâmica conquistam a confiança do mercado e prometem moldar o nosso futuro – de forma positiva.