O recente jogo de futebol entre o Bayern de Munique e o Atlético de Madrid, no passado dia 3 de maio, é um bom exemplo que nos permite analisar a importância da infografia e da representação esquemática na comunicação.
Se o objetivo da comunicação é transmitir conhecimento, existem três formas de o adquirir:
- Não fazendo uso de comunicação, sem qualquer plano ou ferramenta técnica. Ou seja, apenas assistindo diretamente a um evento. Neste caso, sendo um mero espectador do jogo Bayern-Atlético no Allianz Arena em Munique.
- Assistindo enquanto telespectador da transmissão do jogo na televisão.
- Através de informação publicada após o jogo.
Primeiras constatações:
- Um jogo de futebol é por si próprio justificável. Não se realiza com o intuito de comunicar informação, mas para obter resultados desportivos, económicos e outros como a fama e o sucesso…
- A comunicação é produzida nos casos 2 e 3, onde intervêm os meios especializados, audiovisuais e imprensa, que elaboram e difundem a informação.
- Apesar do jogo ser um evento real e concreto, é anterior à sua mensagem, ou seja, é fundamental perceber que o jogo é essencial pois só poderá ser comunicado a partir do momento em que é realizado.
- Caso 1: Adquirir os factos sem comunicação
O caso 1 é psicológico e coletivo. Uma experiência vivida intensamente, com toda a emoção associada a uma vitória ou a uma derrota; com o elemento surpresa e a vivência imediata do que está a acontecer em campo (imediata significa “sem nenhuma interferência dos media”).
A primeira característica desta experiência prende-se com o facto, analisado pela semiótica, de que cada espectador não só participa no jogo, como também no seu contexto. A segunda característica, é a singularidade da experiência: “eu, aqui e agora” e do evento, uma vez que é irrepetível. Adicionalmente, a dimensão psicológica faz-se acompanhar de uma dimensão estatística, determinada pela capacidade do Allianz Arena em Munique: 75.000 espectadores.
- Caso 2: Adquirir os factos enquanto telespectador
A segunda opção, assistir ao jogo através da televisão, é o que chamamos, em teoria da comunicação, “experiência vicária”, ou seja, vivida através da experiência de outros: da equipa da transmissão, câmaras, técnicos, engenheiros de som, comentadores, etc…
Apesar de haver uma perda psicológica face ao caso 1 (falamos do contexto, da multidão, do ambiente e do contágio emocional – a realidade em carne e osso), há outras vantagens. A primeira é a possibilidade de assistir ao jogo a partir de qualquer parte do mundo, sem sair de casa. Por ser uma comunicação massiva, o número de telespectadores ultrapassa os milhões.
A segunda vantagem relaciona-se com a parte técnica: podemos gravar o evento e voltar a vê-lo as vezes que quisermos, como quisermos: o “eu, aqui e agora” passa a “onde e quando queira.”
- Caso 3: Adquirir os factos através da imprensa
Se assistir ao jogo em direto, mas através de um ecrã, ocupa tempo, obter outro tipo de informação ocupa espaço. Falamos de informação elaborada a partir do evento; é o tratamento esquemático (informático) no espaço gráfico do papel ou no ecrã. Neles são dispostas séries de dados visuais que não passam de informação em bits.
Esta informação gráfica, à qual chamamos de infografia, tem a capacidade de organizar os dados numa síntese que, para além de gráfica, resume os aspetos essenciais, qualitativos e quantitativos, como podemos ver na infografia elaborada pelo jornal diário El País (ver imagem do artigo).
É evidente que os gráficos, os diagramas, a geometria, as silhuetas e os códigos de cor representam um conjunto de informações cuja natureza é muito diferente da informação recebida pelo adepto que está no estádio ou do que está em casa a assistir ao jogo.
Em suma: os argumentos expostos aliados às vantagens proporcionadas pela comunicação audiovisual e gráfica e à sua complementaridade, que destacam a importância do acontecimento real, permitem-nos afirmar que a comunicação tem um maior impacto face à ação.
Empresa convidada: Joan Costa
Joan Costa é o director e criador do Primeiro Curso Internacional sobre Representação Esquemática e Infografia. É, igualmente, um reconhecido sociólogo, perito em comunicação e catedrático de Comunicação Visual. E cunhou o termo DirCom há mais de 35 anos.