Alterações na esfera digital face ao Coronavírus
Estado de graça em estado de emergência
A data de 2 de março de 2020 ficará para a História nacional como o dia em que foram registados os primeiros casos de infetados pelo novo Coronavírus em território nacional. Tal acontecimento teve lugar nove dias antes da Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar a Covid-19 como pandemia, a 11 de março de 2020.
Antes do início de março e ainda que os órgãos de comunicação social estivessem a acompanhar as potenciais suspeitas de casos no nosso país, já se verificavam algumas preocupações e pesquisas na digitosfera portuguesa. Contudo, tudo mudou na segunda semana de março, quando as imagens de filas de supermercado, açambarcamento de bens enlatados ou de papel higiénico invadiram o horário nobre dos jornais.
Nesse sentido, importa analisar o impacto que esta pandemia tem vindo a ter no setor retalhista. Evidentemente, e tal como muitos gestores de marketing podem atestar, este é um momento de estado de graça para o setor do retalho alimentar, com campanhas de brand advocacy e de reconhecimento para com os colaboradores das grandes superfícies a proliferarem nos media e a pulularem no pequeno ecrã, na pausa de cada bloco noticioso.
Por outro lado, a ânsia consumista chegou num momento-chave, em que reavaliamos tendências de compra e o papel do online. Assim, não é de admirar que todo o frenesim sobre a compra desenfreada desperte sentimentos negativos na população portuguesa, bem como um medo perante a incerteza e a insegurança que o futuro reserva. Tal panorama acresce responsabilidade às marcas na altura de falarem com quem as apoia: qual a mensagem mais profícua, qual o canal mais acertado, para que público?
No que concerne a busca online, o retalho segue a mesma senda. Embora seja claro um aumento brutal de menções sobre o setor, quer em termos de imprensa, quer em termos de redes sociais, os sentimentos que daí advém são mistos. A urgência do quotidiano, durante e pós Covid-19, ganha um novo contorno, que faz com que os compradores sejam cada vez mais atentos e responsáveis, ainda que, concomitantemente, tenham menos tempo a despender durante o processo de compra.
Por isso, este é uma altura de oportunidade, um “estado de graça em estado de emergência” para as marcas do retalho no geral e do retalho alimentar no particular. Se marcas como o IKEA aproveitam o “tempo extra dos prescritores” para oferecer visitas guiadas em 3D, se outras como o LIDL agradecem aos colaboradores, ou, ainda, se outras como a Inditex, à qual pertence a cadeia Zara, dão provas da sua responsabilidade social ao criarem soluções para o momento que atravessamos, esta é a prova de que apostar na comunicação, especialmente em alturas de crises, é uma batalha ganha.
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