Análise e Ações: Cesar Bullara (#ATREVIACovid19) ATREVIA Brasil

“Seria uma pena que esse aprendizado que a necessidade nos trouxe à tona não se desdobrasse em algo concreto da parte de cada um de nós: uma maior consciência do coletivo, mais atenção ao que nos une, ao invés daquilo que nos separa”.

A ATREVIA Brasil conversou com o Diretor do Departamento de Gestão de Pessoas do ISE Business School, Professor Cesar Bullara, sobre as lições e a quebra de paradigmas que a pandemia da Covid-19 trará para as empresas.

P | O que devemos aprender para o futuro?
R |
Trata-se de um evento sem proporções na história da humanidade: o mundo parou! Eu, particularmente, espero que essa parada seja uma oportunidade para uma profunda reflexão. Creio que importantes lições podem ser tiradas no campo político, social, econômico e ambiental. E, também, do ponto de vista pessoal, familiar e profissional. Ou seja, o momento em que vivemos afeta tanto a esfera pública como a esfera privada. Na esfera pública, temos os seguintes impactos:

No campo político: é o momento para que o mundo perceba que deve trabalhar em conjunto para um futuro melhor para as próximas gerações. Construir a sociedade humana, e não somente cuidar da cidade onde moro, do país no qual vivo. É importante perceber que chegou a hora de cuidar da nossa casa comum: o mundo em que vivemos. Blocos políticos sempre existirão. No entanto, devem mirar um objetivo maior. Todos precisam de todos. Penso que o mundo pós-pandemia deveria ser mais colaborativo. Esse é um passo difícil, mas decisivo!

No campo social: hoje, mais do que nunca, vemos ressaltada a importância de profissões que, em tempos “normais” passariam despercebidas, como por exemplo, profissionais da saúde, entregadores, correios, serviços essenciais de limpeza…. Trata-se de refletir sobre o valor que damos ao trabalho humano. Sem dúvida alguma, nesses momentos ressalta-se o aspecto de serviço que todo trabalho traz consigo. Seria uma pena que esse aprendizado que a necessidade nos trouxe à tona não se desdobrasse em algo concreto da parte de cada um de nós: uma maior consciência do coletivo, mais atenção ao que nos une, ao invés daquilo que nos separa.

No campo econômico: cada vez mais, fica evidente que não podemos deixar para trás, alheados da vida econômica, a tantas e tantas pessoas. Chegamos a um ponto da história humana no qual isso não pode mais ser tolerado. Vivemos a opulência em algumas partes do mundo enquanto observamos pessoas que morrem de fome.

No campo ambiental: aspecto que vem crescendo em importância nos últimos 20 anos. Como cuidamos do nosso mundo? Como explorar seus recursos de modo mais sustentável? Cuidar do meio ambiente também é cuidar de saúde pública, na medida em que utilizamos meios menos poluentes, inovamos na utilização de materiais menos nocivos à natureza.

É chegado o momento em que a solidariedade deve assumir uma posição vital na condução da coisa pública! E, juntamente com a criatividade e inventividade do ser humano, espero que se até agora estivemos muito centrados na história das sociedades e núcleos humanos passemos a um outro patamar: a história da sociedade humana. Na esfera privada, podemos destacar os seguintes pontos:

Na vida pessoal: ocasião para desenvolver e descobrir novos talentos e gostos. Ocasião para refletir sobre os próprios valores, sonhos e expectativas. Refletir sobre a própria missão pessoal, aquela que dará à nossa vida mais consistência.

Na vida familiar: momento para repensar como estamos desempenhando o papel em nossa família: como pai ou mãe, como filho ou filha, marido ou mulher etc. Agora temos uma maior convivência, talvez como nunca tivemos, uma vez que estamos muito mais em casa. Trata-se de redescobrir o outro, de se dar conta de suas qualidades e, também, de seus defeitos para poder amar com ainda mais consciência, exercendo mais plenamente nossa condição humana.

Na vida profissional: redimensionar nossas ambições, colocando-as em consonância com os próprios valores e a própria vida. Penso que muitos se redescobrirão remando para lugares para onde já não querem ir ou que já não tem para eles sentido.

“Seria uma pena que esse aprendizado que a necessidade nos trouxe à tona não se desdobrasse em algo concreto da parte de cada um de nós: uma maior consciência do coletivo, mais atenção ao que nos une, ao invés daquilo que nos separa”.

P | Vivemos um antes e um depois do Coronavírus?
R | Do ponto de vista econômico, sem dúvida. As empresas terão que se reinventar necessariamente: o consumidor será muito mais atento ao comprar porque terá que optar. Com o dinheiro curto, todos nós cortamos o supérfluo e vivemos com o essencial. As organizações terão que se redimensionar à nova demanda que se configurará no pós-pandemia. Isso implica em diminuição de tamanho, eliminação de linhas de produtos, corte de gastos, redução de custos, adequação de salários. Viveremos um período difícil para a economia mundial como nunca vimos. Para todos, foi uma conversão ao mundo virtual que não terá volta. O digital ganhará no período da pandemia uma relevância que acelerará mudanças significativas nas relações interpessoais, nas relações de trabalho e no comportamento do consumidor. O digital alavancará novos modelos de negócios e intensificará sua presença, contribuindo para a rápida transformação da sociedade, das empresas e das nossas vidas. Assistiremos a um Estado muito mais presente nos próximos dois anos em todas as partes do mundo. Aprenderemos a conjugar o público e o privado por meio de uma nova perspectiva. Desenvolveremos um novo capitalismo: mais humano, mais consciente, com mais abertura ao bem comum, à participação do Estado. Não tenho tanta certeza de que a repercussão no campo político, social e ambiental será tão forte quanto no campo econômico. No campo econômico, primará o aspecto de necessidade: é fundamental a colaboração de todos. Quanto às demais esferas, exige-se uma mudança de atitudes e comportamentos que vão além da maneira pela qual a economia pode funcionar, do ponto de vista mais pragmático. Os efeitos dessa crise podem alterar em menor tamanho a dinâmica política, social e ambiental.

P | Se estivesse na gestão de uma empresa, quais seriam as três primeiras ações que se tomaria?
R | 1) Investir na comunicação e na proximidade com os colaboradores: cuidar das pessoas, para que se sintam acompanhadas e seguras. Que as lideranças estejam perto dos liderados mantendo abertos os canais de comunicação.
2) Cuidar do fluxo financeiro da empresa: equacionar financeiramente a empresa, renegociar dívidas, montar cenários.
3) Pensar em medidas para ajudar o bem comum: como podemos contribuir para equacionar essa tremenda crise que estamos atravessando.

P | Nesta crise, como deve ser a relação entre a saúde pública e a saúde privada?
R | Penso que cada um de nós deve atuar de modo responsável e de acordo com a circunstância pela qual está vivendo. A saúde privada deve estar subordinada à saúde pública, no tocante a resguardar que pessoalmente não sejamos transmissores da doença para as pessoas ao nosso redor. Em caso de estarmos infectados, é importante ficar em isolamento. Se estamos sãos, do mesmo modo, devemos pensar no coletivo, diminuindo a circulação ao que seja estritamente necessário, podemos ser vetores de transmissão do vírus, podemos expor outras pessoas ao risco. Dar ouvidos ao que diz a autoridade sanitária é algo importante: nossa contribuição pessoal para o fim da epidemia.

“Investir na comunicação e na proximidade com os colaboradores: cuidar das pessoas, para que se sintam acompanhadas e seguras. Que as lideranças estejam perto dos liderados mantendo abertos os canais de comunicação”.

“A lógica que se imporá ao mundo será a lógica da escassez, da simplicidade e da agilidade para atender a uma demanda por bens de primeira necessidade.”

P | Haverá setores com danos irreversíveis?
R |
Prefiro pensar em danos que se farão presentes por vários anos. É um processo de reestruturação de ordem planetária. Vamos nos recuperar dessa crise, mas voltar ao patamar em que estávamos tardará algum tempo. Os mercados se reconfigurarão de acordo com a nova normalidade. Se por irreversível nos referimos a uma realidade que não existirá mais, nesse caso, considero que sim! A lógica que se imporá ao mundo será a lógica da escassez, da simplicidade e da agilidade para atender a uma demanda por bens de primeira necessidade. Haverá mais competitividade porque a indústria e os serviços disputarão um cliente mais sóbrio e menos esbanjador em seus gastos.

P | Esta crise era previsível?
R | De forma alguma. Se trata de algo sem precedentes.

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