José António Rousseau é o Presidente do Fórum do Consumo. É Licenciado em Direito, com especialização em Distribuição e Comércio, Mestre em Marketing e fez o Doutoramento em Ciências Empresariais. Desta forma, utiliza os seus conhecimentos em consultoria de Marketing, Distribuição e Logística. É também Professor no IADE, IPAM, ISEG e PBS, e autor de livros. Nesta entrevista, José Rousseau, fala-nos de como está o mundo a sobreviver a esta crise do COVID19, no âmbito do consumo.
P | Quais as três coisas não podemos esquecer numa crise como esta?
R | Se bem compreendi a pergunta direi que não podemos prescindir numa crise como esta de paciência, resiliência e capacidade de adaptação.
P | Como devem as empresas abordar esta crise despoletada pelo Covid 19?
R | Precisamente com os três requisitos que referi na questão anterior.
P | Que papel podem as marcas cumprir perante a sociedade num contexto como este?
R | As marcas deverão nesta situação de crise de continuarem a ser aquilo que são, ou seja, deverão continuar a ser exigentes consigo próprias mantendo a qualidade e características que as distinguem ou lhes deram notoriedade. Pois, caso facilitem e percam alguns dos seus atributos quando a crise passar poderão perder muitos consumidores..
P | Como devem comunicar perante uma sociedade/ opinião pública tão atenta e sensibilizada para esta problemática?
R | Deverão naturalmente adaptar a sua comunicação à atual situação de pandemia o que aliás já estão a fazer na imprensa escrita e na publicidade televisiva.
P | Vamos conseguir regressar ao mundo tal como o deixámos?
R | Nunca o mundo, com crises ou sem crises, se manteve, ao longo dos séculos, o mesmo pois, como sabemos, está sempre em mudança. Assim, no pós-crise, haverá necessariamente aspetos diferentes na nossa vida, mas outros irão naturalmente manter-se numa continuidade até desejável.
P | Existirão danos irreversíveis no setor?
R | Depende do sector em causa. No sector alimentar, desde a produção ao retalho, haverá mudanças mas não me parece que existam danos e muito menos irreversíveis. No sector não alimentar, sim, poderá haver fortes danos e alguns de natureza irreversível, principalmente, na indústria e no retalho de moda e acessórios.
“Há sempre um antes e um depois, em consequência do surgimento de “cisnes negros” como foi a crise financeira de 2008 e é a atual crise pandémica do Covid-19.”
P | Considera que vai haver um antes e depois da crise, no âmbito do consumo?
R | Há sempre um antes e um depois, em consequência do surgimento de “cisnes negros” como foi a crise financeira de 2008 e é a atual crise pandémica do Covid-19. No caso do consumo, a minha expectativa é que esta crise aumente a consciência individual e coletiva face ao consumo consciente, nas suas vertentes de consumo sustentável, responsável, solidário e saudável como aliás o Fórum do Consumo tem vindo a defender desde a sua criação em 2012.
P | O que devemos aprender para o futuro?
R | Devemos aprender que tudo, mas tudo mesmo, de bom ou de mau, nos pode acontecer a todo o momento, como indivíduos ou como sociedade. E assim, estarmos sempre preparados para aceitar e enfrentar tudo o que nos acontece de forma objetiva, equilibrada e sem medos.
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