O setor da comunicação enfrenta mundialmente o desafio de ter de adaptar o seu modelo de negócio ao meio digital, mas a América Latina o faz com um maior conforto. Neste exercício, tal como no ano passado, a América Latina irá liderar o crescimento do investimento publicitário em todo mundo, com um acréscimo estimado entre os 13% e 15%.
A etapa de crescimento económico que a América Latina vive permite às empresas investir em processos produtivos, internacionalização e investimentos publicitários. Mas as mudanças económicas e sociais provocadas pelas novas tecnologias obrigam-nos a adaptar as nossas estruturas a novos padrões da competitividade global.
Este é um debate que na realidade não afeta só a comunicação mas a sociedade em si, porque os novos formatos de comunicação estão a antecipar o modelo de sociedade do futuro. “A irrupção de todos os canais e plataformas digitais é o destino da comunicação, mas essa adaptação não deixa de trazer riscos e incertezas”, afirmou Mariano Rajoy, presidente do Governo da Espanha, no III Fórum da Comunicação, que se celebrou na Cimeira Ibero-americana de Veracruz.
A forma de nos relacionarmos com a sociedade mudou. As redes sociais e os blogues multiplicaram o número de consumidores de informação, e os “prosumer” (acrónimo de “produtor” e “consumidor”) não se limitam a receber informação de forma passiva como acontecia com os consumidores tradicionais, agora geram as suas próprias opiniões e partilham-nas redes.
A resposta é Comunicação, mas “comunicação” dita assim: com maiúsculas. As empresas já compreenderam que a informação já não é só ter um departamento de imprensa para informar os meios, mas sim comunicar com a sociedade. Isto é, estabelecer um diálogo onde devemos “saber falar” e “querer ouvir”. É um diálogo que deve envolver todos os grupos interessados na atividade da empresa e organização, como acionistas, colaboradores, consumidores, fornecedores, Administração, investidores, meios de comunicação…
Devemos comunicar com todos os grupos de interesse e estabelecer uma corrente de dupla direção. Isto converte a comunicação em elemento estratégico e as consultoras em “partners” para a gestão empresarial. Na medida em que as empresas entendem este foco, a comunicação deixa de ser um capítulo de despesa, prescindível na conta de resultados, e passa a ser um companheiro que ajuda a melhorar os resultados.
Para responder aos desafios, como consultoras, devemos ter equipas multidisciplinares com especialistas em diferentes áreas, como recursos humanos, marketing, public affairs, que contribuam com uma visão holística da comunicação. No nosso caso, a nossa visão passa por identificar as necessidades dos diretores, num meio a cada vez mais complexo e interligado, e ajudar a resolvê-los com técnicas de comunicação.
Do meu ponto de vista, para responder a estas necessidades há que definir a estrutura organizacional das consultoras numa base de três grandes pilares: Área de Corporate, para ajudar às empresas a influir; Marcas, para gerar paixão em torno do produto e marca, e a área de Pessoas, cujo objetivo é alinhar os funcionários com os objetivos da empresa. Desta forma, os colaboradores converteram-se nos melhores “embaixadores” da nossa marca.
Mas também devemos fazer pesquisas. Na ATREVIA lideramos diferentes fóruns de investigação, como o Fórum do Bom Governo e Acionistas e o Observatório da Comunicação Interna, junto de entidades como IESE ou o Instituto de Empresa.
Com a investigação podemos analisar os problemas e fundamentar as conclusões que as empresas adaptam para melhorar situações. Desta forma geramos e compartilhamos conteúdos interessantes com os meios (marketing de conteúdos) e as conclusões são utilizadas pelas empresas como ferramentas de gestão.